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11/04/2025 | 12 min de leitura
O debate entre gramados naturais e sintéticos continua acirrado no mundo dos esportes, especialmente no futebol e no futebol americano.
Enquanto algumas ligas permitem a utilização de superfícies artificiais, outras são mais rígidas e proíbem seu uso.
No entanto, um ponto é unânime entre jogadores, treinadores e especialistas: o gramado natural é amplamente preferido, tanto pela sua qualidade de jogo quanto pelos benefícios à saúde dos atletas.
Na Europa, as principais ligas de futebol adotam o gramado natural como regra. Algumas federações sequer precisam proibir o sintético, pois ele já é amplamente rejeitado por clubes e torcedores.
Mesmo com um inverno rigoroso, a Premier League não tem gramados sintéticos entre seus 49 clubes históricos.
O Queens Park Rangers foi a única equipe de grande expressão a testar o sintético, entre 1985 e 1994.
Além disso, o Tottenham Hotspur Stadium, inaugurado em 2019, investiu em um gramado natural retrátil para eventos especiais, preservando a grama real para jogos oficiais.
O uso de gramado sintético só é permitido até a Segunda Divisão B.
No futebol profissional, ele é rejeitado, a ponto de a federação permitir que times da elite solicitem a mudança de local de um jogo da Copa do Rei caso o adversário tenha gramado sintético.
Nenhuma das principais arenas do país adota o sintético. A Veltins-Arena, do Schalke 04, por exemplo, possui um sistema de gramado natural deslizante que pode ser retirado do estádio para receber mais luz solar.
Todos os clubes da Série A 2020-2021 jogaram em gramado natural. O estádio San Siro, que já sofreu críticas pela qualidade do gramado, mantém um campo natural reforçado.
Em 2017, a Liga Francesa proibiu o uso de gramados sintéticos nas duas principais divisões, após reivindicações do sindicato dos jogadores. Nancy e Lorient chegaram a utilizar a superfície artificial entre 2010 e 2015, mas foram obrigados a retornar ao gramado natural.
Desde 2015, todos os clubes da Primeira e Segunda Divisão devem jogar exclusivamente em gramados naturais. O Boavista, que possuía um campo sintético, precisou reformá-lo para atender às novas normas.
A Eredivisie anunciou que a partir da temporada 2025/2026 os gramados sintéticos estarão proibidos.
Essa decisão foi tomada após anos de pressão de jogadores e especialistas, que consideram o sintético prejudicial ao desempenho e à saúde dos atletas.
A liga já vinha incentivando financeiramente os clubes a fazerem essa transição desde 2018, o que levou o Heracles Almelo, por exemplo, a retornar ao uso de grama natural após 21 anos utilizando superfície artificial.
A Liga Escocesa de Futebol (SPFL) anunciou que a partir da temporada 2026/2027 os gramados sintéticos serão banidos da primeira divisão.
A decisão veio após protestos de jogadores e treinadores, que exigiam condições de jogo mais seguras e próximas dos padrões internacionais.
Os clubes com gramados artificiais terão um período de transição de dois anos para se adequarem às novas regras.
Nos EUA, o uso de gramado sintético é mais comum, tanto no futebol quanto no futebol americano. No entanto, há um movimento crescente pela transição para superfícies naturais.
Seis estádios da liga ainda utilizam grama sintética, mas há forte pressão para que todos migrem para o natural. Atletas renomados, como Zlatan Ibrahimovic e Thierry Henry, recusaram-se a jogar em gramados artificiais.
Ibrahimovic declarou que o futebol "não foi feito para grama sintética" e que a experiência de jogar nesses campos foi "a pior que já teve".
Quinze times da NFL jogam em estádios com gramado sintético. No entanto, o presidente da NFL Players Association, J.C. Tretter, tem pressionado para que essa realidade mude.
Ele citou dados de relatórios da liga entre 2012 e 2018, que mostram que os campos artificiais aumentam em 28% o risco de lesões em comparação aos naturais.
Lesões não contatais no joelho ocorrem 32% mais frequentemente, e problemas no tornozelo e no pé são 69% mais prováveis.
A NFL tem discutido mudanças após lesões graves em jogadores de alto nível, como Nick Bosa, do San Francisco 49ers.
O Brasil vive um intenso debate sobre a adoção de gramados sintéticos, principalmente após manifestações de jogadores renomados.
Atualmente, alguns estádios brasileiros possuem gramados artificiais, como:
Allianz Parque(Palmeiras)
Arena da Baixada (Athletico Paranaense)
Estádio Nilton Santos (Botafogo)
Arena Barueri (Barueri)
Estádio Municipal Giglio Portugal Pichinin (São Bernardo do Campo)
Estádio do Pacaembu (São Paulo)
Em fevereiro de 2025, Neymar, Thiago Silva, Philippe Coutinho e Lucas Moura publicaram um manifesto criticando o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro.
No comunicado, os atletas enfatizaram que "o futebol profissional não se joga em gramado sintético" e destacaram que, nas principais ligas mundiais, há investimentos significativos para garantir a qualidade dos gramados naturais, priorizando a segurança dos jogadores e a qualidade do jogo.
Em resposta, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, defendeu o uso do gramado sintético no Allianz Parque.
Ela destacou que o campo possui certificação da FIFA desde sua implementação em 2020 e que não há evidências científicas concretas de que superfícies artificiais aumentem o risco de lesões.
Segundo Leila, o Palmeiras foi o clube da Série A com o menor número de lesões nos últimos cinco anos.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não implementou nenhuma proibição ao uso de gramados sintéticos, mas a discussão permanece ativa entre clubes, jogadores e especialistas.
Saiba mais sobre gramados naturais em esportes de alta intensidade: Itograss na Copa do Catar: a experiência por trás do gramado
Um estudo publicado no American Journal of Sports Medicine em 2019 analisou os dados de lesões da NFL ao longo de cinco temporadas e revelou que:
O índice de lesões em gramados sintéticos foi 16% maior em comparação aos naturais.
As lesões sem contato (como torções e rompimentos de ligamentos) foram 27% mais frequentes em gramados artificiais.
Especificamente para joelho, tornozelo e pé, houve um aumento de 56% no risco de lesões que resultaram em perda de tempo de jogo e 67% no risco de lesões que afastaram os atletas por mais de oito dias.
As lesões de tornozelo/pé foram as mais impactadas, apresentando 68% mais ocorrências em gramados sintéticose um aumento impressionante de 103% nos casos que resultaram em afastamento por mais de oito dias.
O gráfico acima compara a incidência de lesões em gramado sintético versus natural, baseado nos dados científicos analisados. Ele destaca que os gramados sintéticos apresentam uma taxa significativamente maior de lesões, especialmente em casos sem contato e nas articulações do joelho e tornozelo/pé.
Além dos números, o estudo explica omotivo biomecânico dessa diferença:
Enquanto o gramado natural permite que as travas da chuteira afundem e liberem a força do impacto com um "divot" (buraco no solo), o gramado sintético prende a chuteira e transfere essa força para o corpo do atleta, aumentando a chance de lesões.
Aqui está outro gráfico mostrando a incidência de lesões na NFL, comparando gramados sintéticos e naturais em relação ao tempo de afastamento dos atletas. Como os estudos indicam, as lesões em gramados sintéticos resultam em afastamentos mais longos, tornando-se um risco ainda maior para a carreira dos jogadores.
Outro estudo, também publicado no American Journal of Sports Medicine, analisou lesões nos campeonatos universitários de futebol americano da NCAA ao longo de 10 anos e constatou que:
Os jogadores sofreram uma taxa de lesão do ligamento posterior cruzado (PCL) 194% maiorem gramados sintéticos.
Os atletas da Divisão I tiveram um aumento de 199% nos casos de PCL rompido em comparação aos jogos disputados em gramados naturais.
Em competições das Divisões II e III, houve um aumento de 63% nos casos de lesão do ligamento anterior cruzado (ACL)em gramados sintéticos.
O PCL, que é fundamental para a estabilidade do joelho, foi o mais afetado: atletas da Divisão II e III tiveram uma taxa de lesão213% maior nos sintéticos do que nos naturais.
Assim como no estudo da NFL, este trabalho reforça que a falta de "divots" nos sintéticos impede que a chuteira libere a força do impacto, sobrecarregando joelhos e tornozelos.
Este gráfico ilustra a taxa de lesões nos ligamentos ACL (anterior cruzado) e PCL (posterior cruzado) na NCAA, comparando gramados naturais e sintéticos. Como mostrado nos estudos, a incidência de lesões nesses ligamentos é significativamente maior em gramados sintéticos, reforçando os riscos à saúde dos atletas.
Ambos os estudos são amplamente reconhecidos no meio científico e foram publicados por instituições de renome, como a Georgetown University e o Research Triangle Park, nos EUA.
A análise de mais de 1.280 jogos na NFL e de 3 milhões de exposições de atletas na NCAA fornece evidências sólidas de que os gramados sintéticos apresentam um risco significativamente maior de lesões, especialmente em joelhos, tornozelos e pés.
Portanto, as alegações da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, de que "não há comprovação científica" são infundadas e contradizem diretamente os estudos mais robustos disponíveis sobre o tema.
A preocupação expressada por atletas comoNeymar, Thiago Silva e Philippe Coutinho está alinhada com as descobertas científicas e deve ser levada a sério por clubes e federações.
Com isso, fica claro que o debate sobre gramados naturais e sintéticos não se trata apenas de preferência pessoal dos jogadores, mas sim de um problema real de segurança e saúde dos atletas.
A escolha entre gramado natural e sintético vai além da qualidade do jogo e da preferência dos atletas.
A superfície natural traz vantagens ambientais e sanitárias que tornam sua utilização mais sustentável e segura a longo prazo.
Gramados naturais absorvem menos calor do que os sintéticos.
Enquanto a grama natural mantém uma temperatura semelhante à do ambiente, os gramados artificiais podem atingir temperaturas até 30ºC superioresem dias quentes, tornando a prática esportiva mais desgastante e perigosa para os atletas.
Como qualquer planta, a grama natural contribui para a absorção de CO2 e liberação de oxigênio na atmosfera, ajudando na melhoria da qualidade do ar.
O solo sob um gramado natural permite maior infiltração da água da chuva, reduzindo a sobrecarga dos sistemas de drenagem urbana e diminuindo os riscos de enchentes.
O gramado sintético é feito de polímeros plásticos e borracha triturada, que, com o tempo, se desgastam e liberam microplásticos no meio ambiente.
Essas partículas acabam contaminando rios, oceanos e afetando a fauna aquática.
Como apontado por estudos da NFL e de ligas europeias, o gramado sintético está associado a um maior número de lesões, especialmente nos joelhos e tornozelos.
A superfície dura e a falta de amortecimento aumentam o impacto nas articulações e tornam entorses mais frequentes.
O atrito com o sintético pode causar queimaduras e irritações na pele dos atletas.
Além disso, a borracha utilizada no preenchimento do campo pode liberar compostos voláteis que afetam a qualidade do ar, especialmente em ambientes fechados.
Enquanto o gramado natural pode ser replantado e regenerado com boas práticas agronômicas.
Já o gramado sintético tem um ciclo de vida relativamente curto (cerca de 8 a 10 anos) e ao ser descartado, torna-se um grande problema ambiental, pois sua reciclagem ainda é limitada e cara.
Embora a grama natural exija irrigação, avanços em tecnologia agrícola, como sistemas de irrigação inteligente e gramados híbridos, têm reduzido significativamente o consumo de água.
Por outro lado, os gramados sintéticos precisam ser frequentemente lavados para remoção de sujeira e manutenção da jogabilidade, consumindo água da mesma forma.
A presença de gramados naturais mantém insetos, microrganismos benéficos e pequenas espécies que fazem parte do equilíbrio ecológico.
O gramado sintético, por outro lado, cria uma superfície artificial sem vida, impedindo qualquer interação natural com o solo.
O acúmulo de calor nos gramados sintéticos não só torna a prática esportiva desconfortável, como também pode elevar a temperatura ambiente em áreas urbanas, agravando o efeito de ilhas de calor.
O impacto do tipo de gramado não se limita apenas ao meio ambiente ou à saúde dos jogadores.
A escolha da superfície também influencia aspectos socioculturais do futebol e de outros esportes.
O futebol nasceu na grama natural, e jogar em uma superfície sintética altera a essência do esporte. Ligas de todo o mundo tentam preservar essa tradição, pois a jogabilidade em campos naturais é considerada a melhor representação do futebol.
Os jogadores preferem atuar em gramados naturais, pois a bola rola de maneira mais previsível e as condições do campo são mais confortáveis para a prática esportiva.
Os torcedores também percebem diferenças na qualidade do jogo quando o campo é artificial.
Em centros de treinamento, gramados naturais proporcionam um ambiente mais seguro e ideal para o aprendizado técnico e tático.
Atletas em formação precisam desenvolver suas habilidades em condições que reflitam o ambiente dos jogos profissionais, o que justifica o investimento contínuo em gramados naturais nas categorias de base.
Se a principal justificativa para o uso de gramados sintéticos está na praticidade e na durabilidade, vale destacar que os avanços tecnológicos na manutenção dos gramados naturais têm minimizado muitos dos desafios enfrentados no passado.
Algumas soluções modernas incluem:
Gramados híbridos:Combinam grama natural com fibras sintéticas para maior resistência e menor desgaste.
Sistemas de iluminação artificial:Estádios com pouca exposição ao sol utilizam lâmpadas de LED especiais para estimular o crescimento da grama.
Drenagem avançada: Evita poças d'água e melhora a resistência do gramado a chuvas intensas.
Manejo sustentável:Métodos de irrigação inteligentee adubação orgânica têm reduzido o consumo de água e produtos químicos.
Esses avanços tornam o gramado natural uma opção viável mesmo em locais com condições climáticas adversas, como os estádios de regiões frias da Europa e arenas fechadas.
A indústria esportiva tem um impacto ambiental significativo, e a escolha do tipo de gramado utilizado é parte dessa equação.
Clubes e federações precisam considerar não apenas o custo de manutenção, mas também o impacto a longo prazo de suas decisões.
A UEFA e a FIFA, por exemplo, têm incentivado práticas mais sustentáveis no futebol, e a adoção do gramado natural está alinhada com essa visão.
Se o esporte deseja se posicionar como um aliado da sustentabilidade, a escolha de gramados deve ser coerente com essa narrativa.
Além dos jogadores e das ligas, há um fator essencial que muitas vezes é deixado de lado: a experiência dos torcedores.
O gramado natural proporciona um jogo mais fluido, com menos irregularidades na bola e maior qualidade técnica.
Partidas em gramados sintéticos muitas vezes resultam em um jogo mais acelerado e previsível, o que pode impactar o espetáculo esportivo.
Com isso, a pergunta final que clubes e federações devem se fazer não é apenas sobre a economia de custos ou a facilidade de manutenção, mas sim: qual experiência queremos oferecer para os atletas e torcedores no futuro?
A tendência global parece clara: enquanto o futebol europeu já consolidou a preferência pelo gramado natural, as ligas norte-americanas e a brasileira enfrentam um dilema.
A tecnologia dos sintéticos evoluiu, mas ainda não consegue replicar completamente a experiência e a segurança da grama real.
Com a crescente pressão de jogadores e sindicatos, é possível que mais estádios nos EUA e no Brasil façam a transição para superfícies naturais nos próximos anos.
A crescente preocupação ambiental também impulsiona esse debate. A proibição de gramados sintéticos em países como Holanda e Escócia pode ser um indicativo de que outras ligas seguirão o mesmo caminho, incentivando soluções mais sustentáveis para o esporte.
A tecnologia moderna tem permitido que gramados naturais sejam mantidos com alta qualidade em qualquer clima.
Ligas ao redor do mundo estão percebendo que os benefícios ambientais, sanitários e esportivos dos gramados naturais superam a economia de custos dos sintéticos.
Em resumo, o gramado natural continua sendo o padrão para as principais ligas do mundo.
Sua durabilidade, qualidade de jogo e, principalmente, a preservação da saúde dos atletas e do meio ambiente o tornam a escolha ideal para o esporte profissional.
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